Sei que vou morrer
Daqui já dedico os meus mais sinceros adeus. Ao amor deixo de herança as lembranças passada, é tudo que eu tenho.
Sei que vou morrer, isso de certa forma me conforta. Me tira o peso de carregar nas costas toda dor da vida. Toda dúvida. Todo penar. Todo amor carrasco de uma mulher. Tudo de todo.
Vou morrer, isso ao meus vinte e um anos é libertador. Me tira da mania de me preocupar em procurar uma garota para namorar, conquista-la, aguardar, conquista-la mais um pouquinho e ficar esperando se ela vai me querer ou não. A vida sem pensar na morte é se entregar a mercê de uma mulher. Afinal nascemos de uma, morremos por uma, vivemos pelas mesmas. Posso morrer amanhã, isso cria um medo reconfortante que me faz aproveitar e sorrir hoje, sem dar muito bola para o dia seguinte. Me faz chutar o balde, e não ter paciência de ficar bajulando as gurias. Me faz buscar garotas mais simples e objetivas, daquelas que você conhece, transar ou vai num cinema e no final do dia, ela vai pra casa dela e você pra você e vocês nunca mais sem vêem.
Gosto do meu particular, da minha liberdade, do meu descompromisso. Confesso que sinto falta até, de alguém que faça carinho num dia que eu não tenha ideias na cabeça para escrever, do mais, não. Sei realmente que vou morrer, inclusive estou morrendo nesse exato momento ao arrancar a unha do peito o amor. Amor que há anos venha em incansáveis palavras relatar, declamar, tentar viver ou até mesmo encontrar. Amor que... Amor que... Amor que me deixa sem palavras, amor que me faz viver dentro do meu morrer. Sei que vou morrer. Antes gostaria de viver.