INCONFORMISMO (Série Poema no Poema) ROBERTA LESSA /FÁTIMA MONIS
O MAL QUE O CORPO FALA É QUE O CORPO FALA
- peito incha entre medo de ser
- cabeça explode entre dores de ter
- barriga estufa entre fome de crer
- costa endurece entre peso de ver
- nádega contrai entre tanto deter
- víscera impregna entre muito bater
- boca deseja entre corpos ater
O MAL QUE A MÍDIA CALA É QUE A MÍDIA CALA
- peito explode entre engodo e incômodo
- cabeça estufa entre arte e sorte
- barriga endurece entre temorese ardores
- costa contrai entre soma e súmula
- nádega impregna entre odores e temores
- víscera deseja entre morte e sorte
- boca incha entre beijo e lampejo
O MAL QUE A JUSTIÇA CEGA É QUE A JUSTIÇA CEGA
- peito estufa entre ego e prego
- cabeça endurece entre assunto e assinte
- barriga contrai entre fome e nome
- costa impregna entre históriae memória
- nádega deseja entre mídia e nódoa
- víscera incha entre cúmulo e acúmulo
- boca explode entre ira e mira
O MAL QUE O OLHO MIRA É QUE O OLHO MIRA
- peito endurece entre balas e belas
- cabeça contrai entre dizeres e fazeres
- barriga impregna entre poder e deter
- costa deseja entre escuridão e ilusão
- nádega incha entre expor e decompor
- víscera estufa entre morrer e conter
- boca explode entre fala e tala
O MAL QUE A PALAVRA MENTE É QUE A PALAVRA MENTE
- peito contrai entre entalhe e demolhe
- cabeça impregna entre corte e dote
- barriga deseja entre cores e licores
- costa incha entre peso e desejo
- nádega estufa entre vitória e aleatória
- víscera explode entre dança e aliança
- boca contrai entre repetição e condição
O MAL QUE O TOQUE MATA É QUE O TOQUE MATA
- peito impregna entre ranso e descanço
- cabeça deseja entre metal e mental
- barriga incha entre útero e úmero
- costa estufa entre correr e ceder
- nádega explode entre modo e fardo
- víscera contrai entre gesto e gasto
- boca impregna entre juntar e atar
O MAL QUE A ARTE OUSA É QUE A ARTE OUSA
- peito deseja entre lida e ida
- cabeça incha entre leite e deleite
- barriga estufa entre malícia e delícia
- costa explode entre ópera e espera
- nádega contrai entre paz e luz
- boca impregna entre querer e saber
EM DIÁLOGO COM FÁTIMA MONIS, ATRIS, DIRETORA DE TEATRO E GRANDE AMIGA