Ser mulher
Eu sou uma mulher, mas não sei o que é " ser mulher". É ter órgãos sexuais femininos? Ser frágil, delicada? Ser a companheira do homem? Um filósofo definiu a mulher como um "homem incompleto". Então, a mulher não seria completa em si mesma? O que haveria de errado com a mulher e não com o homem? Por que a mulher, que fertiliza o óvulo dentro de si, gera uma vida nova, guarda-a por nove meses e a traz ao mundo, seria, simplesmente, um "homem incompleto"? Vê-se como um simples conceito é insuficiente para englobar um ser humano, seus sentimentos, complexidades, dores e anseios.
O que me faz mulher? O fato de ser capaz de abrigar uma vida em mim, gerando vínculos com ela?Vínculos de carne e sangue? De alimentar essa vida com meu leite, sendo responsável por sua saúde, segurança e seu bem-estar? Novamente, o que me faz mulher? Ter seios, curvas e a capacidade de despertar o desejo sexual do homem? Nascer mulher já faz com que eu tenha um papel social predeterminado, o qual devo seguir estritamente? Ou cabe a mim me descobrir, afirmando-me como alguém com uma identidade própria e com direito a expressá-la?
Eu não posso dizer se ser mulher me torna mais sensível, dá-me uma visão mais profunda ou mais abrangente do mundo, das pessoas e das criaturas. Mas sei que ser mulher não me torna mais fútil. Aliás, tenho conhecido muitos homens bem fúteis. Também não entendo por que as mulheres são tidas por frágeis e medrosas. Várias são corajosas. A História é cheia de exemplos de mulheres corajosas, além do seu tempo, que ousaram romper padrões.
Porém, mais do que a História, podemos ver que há mulheres admiráveis em todo lugar no nosso dia-a-dia, trabalhando, lutando, amando e vivendo. Ser mulher é ser, simplesmente, um ser humano, reinventando-se todos os dias.