É tempo de florescer
         Em meios a torrões de terra seca, desponta fragilmente a flor. Solitária em seus anseios de sobrevivência, a espera de uma repentina chuva, ou de uma boa alma humana que venha regá-la e quem sabe leva-la para casa. E para cultivá-la em vasos, prepare pacientemente o solo com substâncias nutritivas e enriquecidas, dando-lhe atenção e cuidados para que assim, cresça e floresça.
        Em analogia a metáfora da flor com as relações humanas, podemos indagar que muitas vezes o sujeito está cercado por um ambiente extremamente árido, sem afetos e hostil. E necessita uma boa dose de oportunidades, recurso interno e esforço para ressignificar sua condição.
         Assim, como a flor estar sujeito a sua própria sorte, sem muitos recursos, pode vir a não se desenvolver, mas, de modo algum é algo determinista, muito pelo contrário, o sujeito pode “agarra-se” a oportunidades que a vida lhe ofereça, bem como, desenvolver recursos internos para desabrochar e crescer.
       Florescer implica em se despir de palpites alheios, e revogar seus desejos. Ter olhar crítico, para além do óbvio dos quatro cantos dos quadrados. É se permitir não ser tão bem quista(o), tão amada(o), tão ingênuo e, desconstruir muralhas de “verdades”, sob pressão.
         É, florescer dispõe de tempo. Tempo de ousadia, definir-se existencial, social e historicamente. Ademais, quem não floresce, não desenvolve crítica e, tem legitimado ditaduras: estéticas, religiosas, políticas, econômicas e sociais corruptamente.
Florescer, implica inevitavelmente o sujeito tornar-se agente transformador individual e coletivamente, com pensamentos, foco e atitudes lúcidas e autônomas.
 
  Quem chora em solo árido, torna as lágrimas fonte de insumo para florescer...


           Águida Hettwer