A Arte de tocar as feridas
Há pessoas que gostam de pôr o dedo na ferida. E há quem se entregue ao tocar da pele magoada como quem dedilha um instrumento musical. Pode pressionar as manchas de sangue como quem acaricia as teclas de piano. Pode carregar as nódoas negras como quem afaga os botões de um acordeão. De qualquer das maneiras o resultado é sempre uma melodia de lamentos e queixumes em harmonia síncrone com a vontade de ouvir sofrer.