Fisiologia do Perdão
O perdão em mim é um banho de água fria no espírito, ele vêm com a força de um vento forte que arrasta para longe as folhas mortas e a sujeira do salão (memória) do corpo. O perdão como purificação do espírito. Que me interessa o outro? Perdoo não porque tenho compaixão em demasia, sou antes de compassivo - indiferente. A moral é quem perdoa, eu esqueço. O corpo em mim é pensador, e mostra-me quais afetos devo cultivar em meu espírito. Meu espírito é meu corpo mesmo.
Por natureza o esquecimento já faz parte do animal antes mesmo de ter nele aparecido uma memória. Todo animal tem uma tremenda energia que o faz esquecer. Só permanece na memória aquilo que não cessa de causar dor. Assim nasce o animal-homem. Uma força que quer esquecer contra outra que quer lembrar.
A luta travada pelos afetos de comando, a vontade, minha vontade, é vitoriosa sempre pela fisiologia do meu corpo, e não por moralidade. Pois a alegria do meu viver é uma felicidade que se dá nos músculos, na carne, que sabe e deve sempre amar a alegria como uma nova saúde da alma.
O espírito quer a luta, sua saúde vem do conflito, do superar constantemente a má-consciência dele mesmo, de onde ele tira a sua felicidade como vitória. A constante vitória sobre àquilo que em mim quer degenerar. Jamais abominar o mal, jamais naturalizá-lo, nem desejar a sua destruição, mas superá-lo; é da luta travada entre o bem e o mal que a felicidade vem a galopes em cima da vitória. "Mal" aqui é tudo que torna o corpo fraco, decadente; "Bem", assim fala a fisiologia, " é tudo aquilo que torna forte e eleva a alegria".
E como é bom o prazer de vencer o que é fraco em mim. Superar-me. É natural, espontâneo. O corpo fala, ele sabe o que é bom. Quem tem ouvidos que ouça - ( o que o corpo tem para falar)