Perdão
Estou aprendendo o valor de não reagir as ofensas do mundo. Um virar de costas apenas, para mim basta. Esqueço. Deixar para o outro o que é do outro. Deixai. Ser-superior. E jamais superior por sabedoria, por "conheceis a verdade", "conhecimento", por "amor ao próximo", tudo isso é justificativa para se ter o que amar. O amor à verdade, o amor ao conhecimento, o amor à Deus são formas simbólicas e ainda cheias de cansaço de viver, de simbolizar o perdão. Simbolismo esse que traz em si justamente o mal que eles pensam acabar através da paz.
Pelo quê então? Por amor à vida. Perdoar não por compaixão, mas por amor próprio, por superioridade no que diz respeito ao que eleva a alegria de viver. Procedo com higiene e cautela contra todo afeto vingativo e ressentido. O demônio também está dentro de mim, e ele também é Deus às vezes, que eu nunca me esqueça disso. Perdoar por esquecer. Esquecer por incapacidade de reter o que faz mal à vida, perdoar para livrar-se de afetos negativos. As coisas andam juntas em mim.
Cultivar, sim, um certo desprezo pelo que me é nocivo, mas não odiar, pois quem odeia declina, degenera, e ainda assim eu o amo, esse mal, no sentido mais puro, pois "o que não me mata, apenas me deixa mais forte".
Eu amo o mal não no sentido de Cristo, pela Divina Compaixão, mas por desprezo, O Grande Desprezo, por ele me deixar mais forte. Não por moral, por lei, por uma ordem transcendente, divina, mas por fisiologia. Pelo inverso do perdão...