Perdão

Estou aprendendo o valor de não reagir as ofensas do mundo. Um virar de costas apenas, para mim basta. Esqueço. Deixar para o outro o que é do outro. Deixai. Ser-superior. E jamais superior por sabedoria, por "conheceis a verdade", "conhecimento", por "amor ao próximo", tudo isso é justificativa para se ter o que amar. O amor à verdade, o amor ao conhecimento, o amor à Deus são formas simbólicas e ainda cheias de cansaço de viver, de simbolizar o perdão. Simbolismo esse que traz em si justamente o mal que eles pensam acabar através da paz.

Pelo quê então? Por amor à vida. Perdoar não por compaixão, mas por amor próprio, por superioridade no que diz respeito ao que eleva a alegria de viver. Procedo com higiene e cautela contra todo afeto vingativo e ressentido. O demônio também está dentro de mim, e ele também é Deus às vezes, que eu nunca me esqueça disso. Perdoar por esquecer. Esquecer por incapacidade de reter o que faz mal à vida, perdoar para livrar-se de afetos negativos. As coisas andam juntas em mim.

Cultivar, sim, um certo desprezo pelo que me é nocivo, mas não odiar, pois quem odeia declina, degenera, e ainda assim eu o amo, esse mal, no sentido mais puro, pois "o que não me mata, apenas me deixa mais forte".

Eu amo o mal não no sentido de Cristo, pela Divina Compaixão, mas por desprezo, O Grande Desprezo, por ele me deixar mais forte. Não por moral, por lei, por uma ordem transcendente, divina, mas por fisiologia. Pelo inverso do perdão...

Fiódor
Enviado por Fiódor em 12/11/2016
Reeditado em 12/11/2016
Código do texto: T5820851
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