REFLEXÃO MOMENTÂNEA
Já se foram as andorinhas, foi uma musica que ouvi, eu ainda criança. Chegam na vida, as cobranças de um mundo sem sentido, bastavam-me comer e viver a simplicidade do dia, a intimidade da noite, ouvir o canto do mundo, a música do vento, a orquestra dos pássaros, nesse imenso teatro a céu aberto. Antes porém, eu falo ao celular...caminhar sob o sol da manhã nem pensar...tocar o ombro amigo do vizinho? tanta intimidade quando se tem uma tela apenas a nos separar, vivemos tão juntos, separados apenas pela vastidão da virtualidade, pela fugaz tecla "liga/desliga", peço benção ao teclado, para os mais novos, esquece meu lamento, saudosismo puro, mas vivi meu momento, perpetuei na lembrança o meu mundo, fiz poesia da paixão, de alguém, não de algo. Não consigo reinventar novos amores, sou uma ilha num mar revolto, onde o amor se nega aportar, sou a pomba que volta a arca de noé, sem o galho no bico, sem o olhar de medo de ser caçado, apenas envolto na amargura da solidão, uma multidão de solitários perdidos nos sonhos do passado. Olho com esperança para o horizonte, tentando enxergar entre nuvens, uma criança construir seu brinquedo em meio ao lixo da sofisticação.