BRISA SUAVE

Do passado podem vir saudades, lembranças, pode vir a certeza do que se fez, arrependimento pelo indevido ou omissão pelo devido. Mas do passado não se deve buscar no presente algo que não se fez, esperando faze-lo como se uma vida inteira não tivesse sido vivida, e que uma plástica pode esconder as rugas, mas não mata a verdade acontecida. Buscar na infância uma esperança, como se criança, ainda fosse, é correr o risco de uma dor desmedida, quando a realidade vier a tona e simplesmente escancarar: - você deixou escapar o momento, não se trás de volta a água que o rio levou para o mar! Esse engano é recorrente quando se é carente de um amor maior, aquele que se imaginou no primeiro beijo, naquela nova menina, que se foi um dia, e hoje volta mulher, mas usando um batom vermelho e uma experiência que espanta a inocência de uma primeira paixão. Por mais que se ame novamente, esse amor é diferente, isso quando se realiza, pior é saber que tudo não passou de um sonho, uma fantasia de um palhaço que ficou sem seu circo há mais tempo que um coração pode aguentar. Que seja plena a realização, quando se tem a mais pura verdade como fundamento e não um sonho que a mais suave brisa pode levar.