... Não seja que.....
Não sou biologicamente velho, mas defino-me com um homem desprovido das vaidades juvenis, das ânsias de mancebo; Sou nostálgico, dado a momentos especiais de vinho e prosa, rimas e versos... Sou chamado retrógrado, talvez, em certo sentido, mais envelhecido que meu velho e querido pai.... Entretanto, há uma mesura na alma, que se curva ante a vida já experimentada e grata, reconhece todas as nuances já vividas, prescrutando as memórias mais envelhecidas do passado, em reminiscências ainda latente a inocência do artista interior, das penas e versejar dos primeiros dias... AH! Sinto-me hoje mais velho que ontem, mas ao mesmo tempo, mais jovem do que alguns que perderam a juventude pela promiscuidade e valores tão veementes preconizados na sociedade atual. Sou resquícios de uma geração que soube valorizar as canções, o vinho, as letras e poemas... AH! Sou daquela geração que chorava ao ouvir sobre a morte de um ente, amigo, e por anos não apagava a memória dos que foram. Hoje sepultam-se corpo e memórias, quase que instantaneamente.... Sou da geração dos que amavam boas vestes, refinadas, apresilhadas, engomadas e nunca dispensava a abotoadura, o suspensório e um chapéu, lenço na lapela... Sou velho... mas as lembranças me mantiveram vivo... e hoje pergunto aos jovens: O que terás para contar no fim da vida? Não seja que a sociedade empobreceu e desnudou-se de caráter... Não seja que.....