Simplesmente acontece.

Notas sobre ele:

Coração cada vez mais fechado. Já se pode imaginar que foi muito maltratado pelas suas escolhas no amor. Era um rapaz apaixonado pela vida e que dava uma chance para cada chance que a vida deixava em suas mãos. Não consegue mais se apaixonar. Indeciso, desconfiado. Deixando o calor do seu peito ser encoberto pela frieza das suas experiências mal sucedidas. E isso o incomoda. Não é da sua índole, da sua essência. Não estava agindo com a profundez da sua alma, mas com a superficialidade do seu próprio corpo. Mente e coração não mais se contradiziam em uma guerra sadia entre a emoção - que o guiava - e a razão. Ao contrário, os dois seguiam em uma estranha harmonia que ele jamais havia experimentado. Amigos e mais amigos; amigas e mais amigas. Relações rasas e que nada o acrescenta em sua caminhada. O que aconteceu com os antigos laços que era de sua habilidade a fácil construção de afetividade? Pois bem, ele foi deixando pra lá e foi aí que ela, que parecia longe, surgiu em um passo fora - ou muito dentro - da sua trajetória.

Notas sobre ela:

Garota inocente. Apesar do espírito puro de uma criança, adolescente. Tem seus próprios segredos que jamais poderá revelá-los ao mundo. Timidez é seu segundo nome. Sonha em como será seu primeiro namorado. Sonha, pois, como será o seu primeiro beijo. Pura, nem sequer um palavrão em seu vocabulário. Nem sequer um pensamento maldoso em sua cabeça. Ao contrário dele, enxerga o mundo através de experiências ainda não vividas e, ao invés do medo de errar novamente, ela tem o medo de não parecer adolescente. Apesar de toda a sua doçura, equilibra a sua alma com um toque de frieza. Talvez pela insegurança. Talvez por não saber lidar. Talvez e só talvez. Assim como toda a sua vida até então, pautada em duvidas e sonhos carregados de ''talvez''.

Nota sobre eles:

Finalmente um vínculo formado ao acaso, depois de tanto tempo. Mais especificamente, 16 anos para ela, 4 anos para ele. Uma amizade cresceu e o tal laço possivelmente apareceu. Mensagens, sorrisos, olhares. Todo santo dia. Ele, mais velho, maior de idade, maiores desejos libidinosos. Ela, pura, menor, não vivenciou, sequer, o seu primeiro beijo. A diferença de idade, que já era grande, tornou-se um abismo. Como reativar as emoções de um coração em harmonia com a razão, diante de um abismo? Infelizmente, senhores, não há como responder. Simplesmente acontece. Ela só sabe de uma coisa: a sua vida continua pautada em um ''talvez''. Porém, desta vez, em um bom sentimento de dúvida. Ela sabe que o seu coração bate como se todos os seus beijos fossem o primeiro. E ele... bem, ele voltou a amar.

Leonardo David
Enviado por Leonardo David em 03/11/2016
Reeditado em 23/06/2019
Código do texto: T5811537
Classificação de conteúdo: seguro