Piquenique
Nas histórias românticas, piquenique eram um verdadeiro momento de lazer de famílias ou um legítimo cenário romântico de casal de telenovelas. No imaginários das pessoas, isso se mantém até hoje. No meu imaginário realista, eu fiz um piquenique sozinho. Só pra mim. Posso ser franco, foi a coisa mais linda que já fiz.
Nos meus sonhos e nos meus anseios, eu sempre sonhei em fazer um piquenique nos requintes românticos. Sonhava com o anjo encantado que pudesse dividir comigo esse momento. Dava-me de corpo e alma por isso. Acariciar o rosto da pessoa amada. Contar todos os dias o quanto amava e dar um beijo apaixonado.
Os anos foram passando, os sonhos se dissolvendo. Com tempo, fiz promessas aos meus amigos de fazer um dia algo assim. Fazer um piquenique, transbordar prosas e mais prosas. Ficar rindo dos cotidianos nossos e alheios. Fazendo convites e juras. Seria divertido.
Com os anos, tudo virou cinzas. Eu precisei me reinventar. Sozinho, decidi criar por mim meu próprio espaço cercado na natureza; verde brilhante das folhas; as cores mais vivas das flores; o imenso céu azul; o sol refletindo meu corpo; ver minha sombra. Dividi os meus espaços e troquei juras comigo mesmo. Deliciei o prazer de me sentir eu e saber que posso viver assim por anos. Quer saber? Foi fantástico viver esse piquenique sozinho. Entrar em mim e fazer tudo que podia ter feito pelos preceitos romântico. Agora, só eu e eu.