Amor passageiro

Eu e ele. Nós começamos muito rápido, foi algo intenso, aquilo me consumiu de uma forma que eu nunca pensei que poderia acontecer na minha vida. Eu quis beijar ele e ele quis me beijar, foi instantâneo e quando aconteceu todas as borboletas dentro do meu estômago se libertaram, era ele.

Em uma conversa nós percebemos o que faltava na vida um do outro, o que nós tanto precisávamos, era amor, o sentimento de ser correspondido, de perceber que aquela pessoa em todos os seus aspectos te preenchia, em todos os seus desejos, seus fetiches, suas condições… Em todos os seus sofrimentos, suas decepções, era o que faltava.

Passaram-se inúmeras conversas, em tão pouco tempo, tantos beijos, tantos abraços, tanta vontade de estar juntos.

E então ele me disse que me amava, que eu era a primeira mulher que ele via se casando, que ele tinha medo desse sentimento, não era algo que ele estava acostumado, e eu então? Que sempre tive medo de amar, me entreguei completamente. Mas não digo de uma forma carnal, e sim de alma, contei todos os meus segredos, os meus anseios e para mim, sim, era amor. Então eu disse, aquilo que eu sempre tive pavor de sentir, “eu te amo”, em apenas duas semanas. Eu estive com outra pessoa por dois anos e nunca senti nada assim, tanta atenção, tanto apoio, eu era tudo e ele era o meu mundo.

O que aconteceu comigo? Foi falta de precaução? De lembrar que o mundo não é só para quem ama? E eu sentir que tudo isso foi minha culpa? É tão errado assim?

E o que é o amor? Duas pessoas carentes, que queriam estar juntas e tinham um desejo infinito uma pela outra, choravam só de pensar em se perder, e tiveram que se perder para um dia se encontrar... Essa é a minha definição, mas também é a dor, a dor de descobrir que nada daquilo era o que parecia.

A gente nem chegou a namorar, mas ele me dizia “ Somos só eu e você, sempre e para sempre” E eu acreditei, com todas as minhas forças eu acreditei nesse poder imaginário de fé e esperança.

Eu nunca acreditei em nada antes, em absolutamente nada, mas aquele homem, era tão bom comigo, era o que eu sempre sonhei, as nossas conversas… Como não o querer de volta pensando nas nossas conversas?

E então em um dia eu estava olhando o celular dele, eu nunca entendi o motivo, mas ele tinha senha para as conversas dele, mas eu nunca desconfiei, mas naquele momento alguma coisa dentro de mim disse “ tenta descobrir o motivo, talvez não seja nada”, eu ainda penso que não devia ter olhado. Meus amigos me chamam de idiota por falar isso, talvez eu seja mesmo…

E lá havia outra mulher, e ele dizia as mesmas coisas pra ela que ele me dizia, eu entrei em choque, eu senti como se meu coração tivesse sucumbido, eu não soube o que fazer a não ser ir embora, e ele tentou me impedir, tentou me explicar, mas eu não o ouvi. Será que eu devia ter escutado?!

Eu fiquei irracional, briguei com ele, chorei, mas ele agiu de forma racional e passiva, tentou colocar a culpa em mim. Pra que eu tinha que olhar o que ele falava? Pra que eu tinha que brigar tanto com ele? A gente mal havia chegado na vida um do outro e eu era essa confusão misturada com paixão e ódio.

E eu que sempre tive meu orgulho, não terminei com o homem que me traiu, pois sim aquilo foi uma traição, não importava se não era namoro, ele me prometeu e eu prometi pra ele. Eu não terminei, mas ele terminou.

Eu estava chorando e ele me chamou, falou “ Nós dois somos forças que não se combinam quando estão juntas, nós brigamos, nos irritamos, quando estamos bem é maravilhoso, você é sensacional, mas não dá mais, eu e você não somos maduros o suficiente para levar essa relação em diante”.

Eu implorei para ele repensar, com toda a minha dignidade perdida, eu lembrei da antiga eu falando “ eu nunca vou ficar com um cara que me traiu, eu nunca vou me rebaixar de querer ele de volta”, mas como controlar o que eu sinto?! Eu julguei as mulheres que sentem?! Que amam?! Como eu fui boba. Eu implorei e ele disse não, não dá.

Nós ficamos um mês juntos, mas para mim aquilo foi uma vida inteira, eu não sei o motivo de eu sentir tanto assim… Ele me enganou, ele não me quer mais, mas eu ainda amo ele, depois de três semanas que ele quebrou meu coração e tudo que eu sabia sobre sentir amor por alguém, ele quebrou minha confiança, mas eu ainda amo ele. Como ele pode não lembrar das nossas conversas, dos nossos beijos, de tudo que ele falava? Ele não sentia aquelas coisas?! Será que existe alguém tão cruel que para se divertir acaba com mulheres como eu?! Dispostas a amar?! Aliás, não como eu, pois aquele eu não existe mais, agora só existe a desconfiança dentro de mim, e toda vez que ele vem me dar oi, um pedaço a mais de dentro do meu corpo morre.

Gabrielly Tsuda
Enviado por Gabrielly Tsuda em 31/10/2016
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