Carapaça

Carapaça

   Às vezes penso que tudo isso não passa de uma simples dramatização de minha cabeça quando me vejo em certas desavenças. Me dão sim às vezes aquelas precipitações do meu pessimismo. Penso várias vezes que é uma coisa tola e inútil que parte de dentro de mim.

   Essa precipitação é decorrente do peso dessa carapaça na qual me refúgio em certas situações. Pode até ser benéfico até certo ponto ter um refúgio ao qual recorrer em desavenças da vida, mas não vale o preço de carregar-lá .

   É pelo peso dessa carapaça que meu pranto segue suportando rios de lágrimas. Porquê lágrimas?

   É insuportável a sensação que essa carapaça me traz. Já faz tempo que nela guardo meus sentimentos, amores e rancores, muitas vezes tento me procurar por trás dessa carapaça.

   É doloroso me esconder aqui...

   Vejo a todo momentos espinhos vindo da superfície, esses espinhos me espremem junto com o meu sentimento de que ninguém nunca me conheceu. Mas não é à toa, também não é culpa de ninguém. Realmente não há como me conhecer, pois nunca me apresentei no meu verdadeiro estado de alma.

   Reconheço que é ruim para as pessoas que pertencem à minha vida, mas isso não é escolha minha.

   Não quero ser egocêntrico, não pense que escrevo para me fazer de coitado. Desculpem-me mas escrevo assim para tentar me adaptar à essa realidade. É a mais pura verdade que certas vezes meu ego toma conta de meu ser.

   Mas o que eu sempre quis em todas aquelas situações era conseguir mostrar o ser sensível, mole e vulnerável que há aqui por dentro. Para que realmente me conheçam. Eu quero ser mais independente dessa carapaça e poder aguentar as dores do mundo com minha própria força.

   Quantas pessoas perdi, quantos males vivi por causa da minha própria ausência. Sei que cabia à mim ter demonstrado o quanto eu sofria por dentro, talvez o ruim não aconteceria tantas vezes. Sofro por isso, mas sofro muito mais pelo o sofrimento que causo à pessoas que ficam à minha espera por fora da carapaça. Às vezes chego a me afogar dentro dessa carapaça cheia de lágrimas de anos e anos passados dessa maneira. Já tentei inúmeras vezes destruír-la, mais inúteis foram meus esforços...

   Me dêem licença já não consigo maia escrever por baixo d'água... e por obséquio já vejo o crescimento de galreas.

Tadeu Santana
Enviado por Tadeu Santana em 29/10/2016
Código do texto: T5806869
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