depressão
Você corre e desabafa de uma escada com a mesma doentia facilidade que cai no sono após dois dias acordados, lentamente e só, fixamente e só, normalmente você é só, só de amor, só de tudo, só das únicas coisas que deseja ter, só e mudo, mudo porque a terra que lhe serve de apoio aos pés desmorona como uma montanha barrenta em dia de muita chuva.
Eu quero tocar a ferida porque acabou, tudo aquilo que tinha se foi, o que ainda estava por ter não terei, como um pequeno deslize eu delimitei essas pequenas coisas que de pequenas não tem nada, são ferimentos profundos, que não se fecham jamais, achei que os veria pra sempre, mas não.
A cinza opaco e morto que cerca meus dias, poderia ser facilmente trocado por um ambar bem vivo, por algo vivo, algo que respire, que tenha luz, que me de luz, eu preciso lindamente de algo vivo não, não vivo.