Prazer
É estranho e ao mesmo tempo tão peculiar. Estranho porque a sensação é destoante das tradicionais e corriqueiras sensações, como alegria, raiva, medo, etc. E peculiar porque é próprio do ser, intrínseco a sua natureza.
É como se os pensamentos fugissem e o espirito, por alguns segundos, visitasse aquela ideia que temos de céu, aquela latência carnal intensa, completa e ao mesmo tempo inconsciente do existir. Nesse momento você é puro êxtase!
Qualquer consciência perturbada não pode ignorar essa sensação. É como se fosse um remédio para esvaziar os pensamentos; algo que liberta dos espinhos do pensamento. Nesse momento respirar é possível. É como se um abismo estivesse à frente e tudo o que se pensa é pular, e cair seja já lá como for, sem pensar.
O universo está a sua frente, colorido, imenso e cheio de possibilidades. É vendo tudo isso, a única coisa que se deseja é passear por ele, ou melhor, sobrevoa-lo com asas fictícias, tendo os pés no chão, mas a mente solta como um pássaro que voa por entre nuvens.
Nessa breve viagem a qual o tempo não faz sentido, é possível ouvir uma musica suave, uma voz aveludada trazida pelo calor concebido pela dança de corpos, uma musica que é desenhada pelos tons de pele, pelo aroma dos cabelos, pelo tocar dos dedos e pela pulsação do coração. Nesse momento duas coisas viram uma só, totalmente fundidas pela energia sobrenatural, pela vontade e desejo de querer se jogar sem medo num abismo colossal.
O sangue corre acelerado pelas veias saltando de ponte em ponte a fim de chegar ao outro lado para dançar aquela musica serena que já começa a tocar. Então o corpo todo vibra e dança com a sinfonia perfeita sentida e traduzida dentro de si. E então a centelha explode e o suor escorre entre os dedos do sem fim, como se o tempo fosse nada e o gosto da eternidade vem a boca como um pedaço de céu.