Entre Linhas
Desloca-se o tempo por uma imensidão cósmica
Dissipam-se entre os dedos as últimas gotas do amanhecer
Um doce olor do encanto causado pelo mal imutável
Aquela tristeza soturna, desconhecida por todos ao redor
Um turbilhão de sensações que chegam de todas as direções
Procurando apenas um porto seguro para criar raízes
Que afeta até mesmo os descrentes no ciclo contínuo
Indivíduos que se dizem fortes e vivem entre suas fraquezas
Com suas promessas feitas à luz das sucessivas mentiras irreais
Um apólogo incoerente com verdades e consequências ambíguas
Onde não é importante o roteiro escolhido, mas o regresso
Um lugar onde você pode assistir o seu próprio desaparecimento
E ninguém conseguirá perceber que você não se faz presente
A sua reputação precede qualquer que seja as palavras ditas
Desmoralizando a credibilidade do seu recôndito confidencial
Uma culpa perdurável em sua essência moldada a ferro e fogo
Os ventos gélidos sopram em nossa direção incessantemente
Trazendo tudo aquilo que nunca deve ser ignorado de fato
Os remanescentes incrustados de um passado mal redigido
Uma constante perdida entre linhas e rabiscos de um livro
Uma fórmula milagrosa para dissolver toda a tristeza do ser
Desvanecendo aquele tormento que está fundido em sua alma
Uma autodestruição que se inicia a qualquer momento do dia
Com os rótulos que recebemos ao longo de toda a nossa vida
Proporcionando-nos um passeio por caminhos indesejados
Lugares melancólicos onde você perdeu partes importantes
E o que sobrou são fragmentos de uma existência tangível
Que de tão poucos não conseguem criar um protagonista
Convertendo-lhe em um coadjuvante na sua própria história