Cândido na Primavera
Talvez eu não saiba como começar a despedida, talvez porque não consiga começar a escrever o começo. Ainda não sei como a Primavera começou, ainda era inverno e meu coração tremia de frio, meus dedos gelados procuravam um abrigo.
Meu coração, pobre coração, sangrava de medo.
Meus pés descalços buscavam um ritmo.
Foi como uma brisa no mar, uma nova sintonia no ar, um novo som, um novo tom, um encaixe, uma busca encantada... Como uma aquarela procurando sua tela, assim meio Primavera Verão.
Sutilmente os pincéis se encontraram e uma sintonia surgiu em meio àquela magia, aquele encantamento com toque infantil.
Com as cores da Primavera e essa nova energia, pude colorir meus dias, alegrar minhas retinas de menina e até mesmo requebrar sem querer meus quadris.
Ah, aqueles olhos castanhos a me acompanhar para aprender, e eu querendo desvendar mais que um quê de mistério...
Não vida, não vida minha, não vou conseguir me despedir, ainda nem aprendi a escrever, nem sei o começo.