Questionamentos

caminhou...

ajoelhou-se

fatigado de andar

sentiu a terra molhada pela chuva

lambuzou-se com a lama

misturou-se com as próprias origens

ou com o próprio fim

não sabia ainda.

Buscava algo.

Não sabia o que.

Lavou-se com a chuva.

Foram-se as mazelas que o açoitavam.

Cavou a terra molhada.

Um buraco se abriu.

Apanhou uma semente.

Plantou-a.

Ali iniciava uma nova vida

que regada a chuva brotaria.

Sublime, despida das atrocidades

humanas,

das vergonhas e das perversidades.

Podia ver naquela semente o início de sua própria

vida

Cuidava do broto e da vida nova.

Vertiginosas imagens surgiam.

Não mais separava o sonho da realidade, apenas

ia.

Para onde?

Apenas ia. E continuava.

Despiu-se um dia de todo

o questionamento.

Viu que assim era mais fácil seguir.

Mas tudo perdera a graça, a vida não mais surpreendia.

Não precisava de argumentos, pois nada tinha pra perguntar.

Ficou depressivo.

E questionou.

Rolou na lama da argumentação.

Vestiu-se de toda a dúvida e voltou a perguntar,

foi feliz assim...