Onde me encaixo
Nos meus olhos, ficaram gravados o reflexo dos teus
E a dor lancinante, foi-se apaziguando aos poucos
Da janela vê-se um novo dia subjulgado surgindo
No horizonte cinza desses dias de inverno rigoroso
Mesmo que chova lá fora, eu não me importo mais
Não preciso mais ter medo do desconhecido anônimo
Sinto que agora minha consciência está intensificada
Desperta em diferentes níveis de aquiescência veraz
Posso ter minhas próprias convicções de um novo ensejo
Os temporais não têm mais o mesmo efeito subversivo
Não me transformam mais em um ser acabrunhado
Nem me fazem querer transmutar aquilo que eu sou
Minha mente sempre inquieta tem algo maior e completo
Por que no esmero de cada detalhe é onde me encaixo
Como um abraço ávido para sanar a ansiedade do desejo
Fica confortável de um jeito maravilhosamente singelo
Não pode existir melancolia na calmaria de cada segundo
Nem uma zona de conforto resistente à imensidão do tempo
Por mais que nos enganamos com algumas fábulas ludibrias
Sabemos que só a verdade estende-se ao final da narrativa
E o que fica é a vontade de oferecer as melhores sensações
Sem nenhum olhar desaprovador de raiva, incomodo ou dúvida
A confiança de que cada sorriso vem mesclado com o perdão
Uma infinita certeza de querer ser essencial para existência
Como pode um coração ímpio e libidinoso como o meu
Amar algo extraordinário, resplandecente e inestimável
A morte das palavras que gera o silêncio da compreensão
Onde não se podem ver as lágrimas por causa da escuridão
E não há necessidade da busca incansável pela perfeição
Nem de se criar um lar que caiba nos sonhos perfeitos
O imperfeito da vida pode ser algo muito mais fascinante
Aos olhos daqueles que se permitem ouvir com o coração