Onde me encaixo

Nos meus olhos, ficaram gravados o reflexo dos teus

E a dor lancinante, foi-se apaziguando aos poucos

Da janela vê-se um novo dia subjulgado surgindo

No horizonte cinza desses dias de inverno rigoroso

Mesmo que chova lá fora, eu não me importo mais

Não preciso mais ter medo do desconhecido anônimo

Sinto que agora minha consciência está intensificada

Desperta em diferentes níveis de aquiescência veraz

Posso ter minhas próprias convicções de um novo ensejo

Os temporais não têm mais o mesmo efeito subversivo

Não me transformam mais em um ser acabrunhado

Nem me fazem querer transmutar aquilo que eu sou

Minha mente sempre inquieta tem algo maior e completo

Por que no esmero de cada detalhe é onde me encaixo

Como um abraço ávido para sanar a ansiedade do desejo

Fica confortável de um jeito maravilhosamente singelo

Não pode existir melancolia na calmaria de cada segundo

Nem uma zona de conforto resistente à imensidão do tempo

Por mais que nos enganamos com algumas fábulas ludibrias

Sabemos que só a verdade estende-se ao final da narrativa

E o que fica é a vontade de oferecer as melhores sensações

Sem nenhum olhar desaprovador de raiva, incomodo ou dúvida

A confiança de que cada sorriso vem mesclado com o perdão

Uma infinita certeza de querer ser essencial para existência

Como pode um coração ímpio e libidinoso como o meu

Amar algo extraordinário, resplandecente e inestimável

A morte das palavras que gera o silêncio da compreensão

Onde não se podem ver as lágrimas por causa da escuridão

E não há necessidade da busca incansável pela perfeição

Nem de se criar um lar que caiba nos sonhos perfeitos

O imperfeito da vida pode ser algo muito mais fascinante

Aos olhos daqueles que se permitem ouvir com o coração

kdu
Enviado por kdu em 25/09/2016
Reeditado em 12/08/2018
Código do texto: T5771568
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