Qual o sentido da vida?
Ser professora é minha maior paixão. Mas às vezes nos deparamos com certas situações no mínimo intrigantes.
Há três dias, enquanto aplicava uma atividade sobre Tempos Verbais, observei um aluno que, há alguns minutos, olhava perdido para o quadro negro. Chamei -o e ele pareceu despertar, sorriu meio sem graça e voltou a escrever. Depois de alguns minutos, voltou a me olhar.
- Pró?
- Fala, Rick.
- Posso fazer uma pergunta? Mas não tem a ver com o assunto...
- Pode sim.
- Qual o sentido da vida?
Confesso que fiquei meio sem chão. Aqueles olhos sedentos de resposta me olhando, o burburinho da sala de repente aquietando -se e eu desejei, naqueles micro segundos, saber mesmo de tudo.
Como responder a essa pergunta à uma criança, cujo consciente ainda está se formando? Como responder a essa pergunta se às vezes nem mesmo eu sei se existe sentido? Pensei.
- Não existe um só sentido da vida, Rick. Cada pessoa cria o seu sentido. Algumas vivem para ter uma vida melhor. Outras querem enriquecer. Ou serem famosas.
- Ah...
Ele não pareceu satisfeito, Mas, mesmo assim, calou-se. Por alguns minutos.
- E qual é o sentido da vida para você, pró?
Eu sorri. Pelo menos, isso eu sabia.
- Evoluir, Rick. Quero viver minha vida de forma que eu sempre possa crescer e aprender mais a cada dia.
Ele sorriu. Voltou a escrever e o barulho próprio de uma sala de quinto ano voltou ao ambiente.