AUTOCRÍTICA

Nós, seres falivelmente humanos, sempre buscamos atribuir as responsabilidades dos nossos tombos, aos outros. Isso nos faz sentir melhor, protege-nos da reflexão, que admitir a nossa própria culpa, obrigaria-nos. É assim. E, quanto mais próximo, mais provável e à mão, será o objeto da nossa escolha. A pinga, a escada, os pais, os irmãos. Somos assim. Eu sou assim. Conheço-o, desde sempre. Mas, a nossa relação sempre foi distante; nunca fomos próximos. Até que, por força do rumo das minhas escolhas, nos últimos anos, temos mantido uma forte relação. Hoje, preciso dele. Ele me ajuda em vários momentos; em vários exercícios. Arrisco-me a dizer que nos vimos e nos falamos, nesses últimos anos, com tanta frequência, que preenchemos aquele abismo que o tempo faz crescer a tudo que nos é distante. Então, tomo essa liberdade, que a nossa relação, hoje, permite. É dele, a minha culpa. Tudo o que fiz, faço, ou farei; de ruim; foi, é e será; por sua falha. O único cuidado que tenho é não deixar que se quebre, pois mesmo que lhe possa atribuir tal culpa, certamente, os sete anos de azar que virão, recairão sobre mim.