Trívias curtas. Estrelas

Quanto mais podemos ver, menos conseguimos enxergar.

Avançamos da luz da fogueira, passando por lamparinas, lampiões, chegamos ao lazer, e lâmpadas com mais de 15 mil lúmens, toda essa capacidade tecnológica, no entanto, nos distanciou do brilho intenso das estrelas. Para enxergarmos longe, precisaremos do mais completo negrume.

01 - Na política não poderia ser diferente, o brilho da operação lava jato tem nos ofuscado com o bombardeio de prisões e informações vazadas que no passado recente nem imaginaríamos conhecer. Grandes estrelas - medalhões da política - estão sob estes holofotes. Os holofotes da lava jato nos permitem ver quem praticou corrupção, mas, seu brilho intenso nos impede de enxergar: o que ocorria antes disso? Para onde vamos? Quem é o acendedor de lampiões da lava jato e para onde direciona sua luz?

02 - Estrelas, é o que há de sobra numa cidade como Nova York, mesmo distante delas sabemos mais sobre elas - quem casou, quem separou, quem dormiu com quem etc - do que sobre nós mesmos: quem somos, o que fazemos neste mundo, e qual é o nosso propósito. Curiosamente a cidade de Nova York é o pior lugar para enxergar e contemplar as estrelas. Astrônomos asseguram que os arranha céus de lá, ao projetar suas luzes, clareiam ruas, dão mais visibilidade ao pedestres, e, ao mesmo tempo, reduzem a perspectiva sobre o cosmo. Dão ao indivíduo a impressão de ser maior do que ele realmente é, pois, o torna grande num mundo "pequeno".

03 - Somos tão potentes com óculos, binóculos, telescópios... Toda essa magnitude tem nos permitido ver além, mas, focaliza demais nossa visão e não nos permite enxergar o que temos feito com a vida na terra. Os pássaros, estão ofuscados por tanta luz artificial sobre a terra e estão morrendo... Parece pouco, mais, a visão verdadeiramente potente dos pássaros nos serve de guia, sobre a direção a tomar no apagar das luzes das catástrofes, ou à deriva num barco, ou mesmo, na linguagem artística. Eles são as estrelas dessa vida cegada pela cruz e a espada. Nos dizem que questiúnculas nos privam do que é sublime.

Confesso minha cegueira temporal, política, filosófica,não sou um astro sobre a terra, sou humana, imperfeita, acredito em projetos e por acreditar neles, dou a eles o tempo de provarem ser concretos. Entrego-me à escuridão para tentar enxergar longe, para além da luz conjuntural, que ofusca a visão crítica e nos embriaga com falsos ídolos, falsas informações, falsas estrelas.

Regina hoje e sempre
Enviado por Regina hoje e sempre em 14/09/2016
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