Sendo franco comigo mesmo
Em uma fase da vida, o semáforo vermelho torna-se presente. Dentro de um carro, ao invés de passar seus 30 segundos esperando pelo verde, o sinal indica que terás que esperar um pouco mais de tempo. Quanto seria? Depende. Nesse momento, começas a fazer uma reflexão do que estás passando no seu interior. A sua mente vai pipocar. As coisas vão encaixar. Tudo se esclarecerá... ou não.
Eu cheguei a esse ponto. Em minha extrema solidão, decidi por mim mesmo não mais partilhar minha vida. O isolamento virou o meu prumo. Não tenho nada contra as pessoas. Sei que não vivemos sozinho e nem no profundo vazio. Apenas, acredito que minha intimidade não cabe mais aos outros. Preciso viver por si só todas as minhas situações. Ter a total resiliência para andar em novos trilhos e fazer de mim um ser só.
Nessa viagem, dentro desse carro, o meu pôr-do-sol mudou de direção, cor e - até mesmo - intensidade. Não me ouso mais em querer estar no mesmo lugar várias vezes e nem me atrevo à voltar ao meu ponto de origem. Tudo ficou no passado. Meu presente precisa ser vivido. Buscar aquilo que realmente quero e moldar o meu futuro. Vivo mil anos em um ano. Uma hora cansa e precisas dar um tempo, antes que esse motor possa explodir.
Fico nesse sinal vermelho. Quando me sentir seguro, tudo ficará verde e poderei ligar o carro. Vou percorrer algum lugar distante. Abraçar os ventos e dizer que posso estar seguro comigo.
Esse texto não é uma autoajuda e nem uma psicologia do senso comum. Apenas é estou sendo franco comigo mesmo. Honesto suficiente para dizer o que sinto e transmitir isso da maneira que mais gosto, escrevendo.