Talvez não seja eu
São 09 da manhã. Eu acordo junto com as minhas vagas memórias. Por um momento, parece que eu sofri um pequeno apagão. Tudo parece que desapareceu em minha mente. Uma voz puxa-me para o interior. Faço uma viagem. Vejo algumas imagens. Uma lágrima cai em rosto. Eu vi a minha foto refletida numa lagoa. No fundo, talez nada do que esteja acontecendo seja eu.
Desde que os céus mudaram de cor, eu vivo uma vida de experiências novas e enriquecedoras. Outras, bem... nem tanto. O maior fato que posso levar é que coloquei meus sentimentos numa esponja. Absorvo tudo e meu sorriso fica plástico. Não quero transbordar como pia minhas emoções. Nem criar mais laços profundos. Sou um leão solitário que apenas anda sozinho e prefere, em muitos casos, ser assim. Eu perdi o gosto de partilhar tudo.
Aquele ser humano, vivo e ultrarromântico deu lugar a um ser isolado e frio. Não levo isso ao lado negativo. Eu apenas encaro a vida com mais conformidade. Não há amor em mim. Na verdade, até deve ter sim amor. É possível que seja o meio termo entre essas duas figuras. Meus trilhos foram todos modificados para chegar numa linha que possa ser minha. Sem qualquer ligação.
Nesse momento, quero me isolar em meu corpo. Encontrar-me num local que virou minha separação, porém ainda é o meu reduto nas situações mais apertadas. Eu uso uma tesoura comigo. Não nasci para criar laços. Sou do mundo ou - possivelmente - nem isso.