Questão de Tempo
Perde tempo quem deixa ir a oportunidade de ouvir uma canção.Um passarinho a cantar, o vento assobiando na janela, a melodia da natureza a se manifestar lá fora enquanto o sol levanta e a vida se fia.
Perde tempo quem não beija uma criança, quem não abraça o amigo, quem não diz bom dia e abre a manhã em sorriso. Um beijo que sele o amor, o abraço que traga paz, o sorriso que emudeça a dor.
Perde tempo quem corre contra o vento, quem cedo levanta e sai ás pressas sem dedicar tempo à família. O tempo urge, e vai a galope corroendo a saúde, os anos, os sentimentos. Levanta cedo ao trabalho, Deus ajuda com certeza, mas antes abençoa, conversa, expressa cuidados. Sê como ave que na boca dos filhos o alimento deita e torna sempre a prover o alimento nas terras distantes sem do ninho nunca esquecer. E saudosa retorna aninhando com calor os filhos seus.
Perde tempo quem não se olha no espelho, quem não se admira, nem elogia a perfeita criação de Deus, e vive a espiar a vida da janela, apenas um quadro pintado em tela. E quando se dá conta as rugas moldam a face, cabelos brancos pintam feito a neve sobre a terra. E a vida voou, o tempo já se despede.
Há que se trabalhar arduamente, mas descansar, sair cedo mas também aproveitar os momentos de descanso, fazer tudo bem feito,e alimentar os que estão ao redor com amor, afago, acalanto, deixando-se levar pela canção que os céus ecoam, de paz, esperança, sonhos que minam no coração. E viver plenamente no jardim da vida, sair da espreita da janela e vir à rua, lutar, sonhar, se molhar na chuva.
Não perde tempo quem beija, quem sorri, quem brinca, quem lê, quem viaja, quem conversa e guarda pedacinhos de lembranças, quem marca o tempo escrevendo histórias e fazendo poesia os momentos breves da vida.
Não perde tempo quem ama arduamente, quem planta sementes de amizade, quem não deixa de lado o primeiro amor, quem se alimenta de pequenos gestos de bondade e faz eterno o tempo, o qual logo se rompe feito flor branda e numa questão de tempo,murcha e perde a cor.
Paula Belmino