Corredor

Não te escrevi.

É porque te vivi

A poesia se basta calada

Quando permeia cada suspiro

Cada reencontro, beijo e abraço.

Os versos que não compus foram aniquilados

Enquanto acordávamos juntos, adejando cílios

Com os corpos quentes e nus e unidos, boca com boca.

Não busquei rimas, organização de métrica, contagem de palavras

Esses embustes de rebuscamento vernacular para externar o impossível.

Busquei me ater aos fios compridos que encontrava nos travesseiros

Ao teu inebriante perfume neles ainda incrustado

À caneca transparente abandonada entre os livros

À cerveja trazida e abandonada na gaveta do congelador.

Às certezas veladas do que somos ou viríamos a ser

Às incertezas escancaradas do que somos ou viríamos a ser.

À ansiedade de me assustar com a campainha tocando

E ver que a silhueta esperando ao portão

Pertence àquela que em pensamento

Me ajudou a atravessar um dia ruim.

Te escrevi

E é porque te quero

Tanto, tanto e tanto.

04/09/2016

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 04/09/2016
Código do texto: T5750494
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