Quase 30
Novamente meu aniversário chegou e agora só falta mais uma jogada de dados para eu sair da casa dos vinte anos. A beira dos trinta ouço mais alto a vida gritando que o tempo está fugindo. Tempus fugit me diz ela. Olho para trás e percebo que já começo a ter mais passado do que futuro. Sensação estranha, mas inevitável.
Lembro-me de quando tinha quinze anos e, junto com alguns amigos, me imaginei aos trinta. Pois é, o mundo dá voltas e na maioria das vezes as coisas não saem como a gente planeja. Boa parte do que planejei não aconteceu, no entanto, não digo que a vida está ruim, apenas diferente. Conforme o tempo foi passando a vida foi mudando e eu também. Algumas projeções ficam, agora, apenas na memória.
No entanto, nem tudo está diferente. Algumas coisas continuam completamente iguais. Outras saíram quase que do jeito que idealizei. Assim é a vida. Sempre vai existir um tanto de coisa que a gente quer fazer e não vai fazer e um tanto de outras coisas que a gente nem sonhou em fazer e vai acabar fazendo. Talvez esse seja o grande desafio da maturidade. Faz parte do crescimento aceitar que algumas coisas já não fazem parte de certas etapas da vida.
Lembro-me também de algumas coisas que o Menestrel me disse anos atrás e que deveria ter dado ouvido. Disse-me ele que depois de algum tempo você “aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão”. Eis um conselho que eu deveria ter seguido há muito tempo. Quem sabe, se tivesse dado ouvido, eu não acumularia tanta frustração.
Mas de nada adianta olhar para trás e pensar como poderia ter sido. Só tenho o hoje e no hoje que preciso focar. Hoje, ao completar vinte e nove anos, percebo que a vida é o que é o não o que deveria ser. De nada adianta fazer comparações, pois ela vai continuar sendo o que é. O que será a partir de hoje é o que importa. E perto dos trinta começo a ligar menos para o que os outros esperam que eu seja e faça. Afinal, tenho uma só vida para viver e que fatalidade seria viver na perspectiva do outro.
Bem, aqui estou. Vinte e nove anos de muitas perdas e ganhos. Vinte e nove anos de altos e baixos. De choros e lágrimas. O que será daqui pra frente? Não faço a mínima ideia, mas de uma coisa eu sei: “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”.