A FLEUMA E O CAOS

Não sou melancólico... - O meu desgosto é um "cisco no olho". Não tem a força de me fazer renunciar à vida. Mas, incomoda... É estranho pensar que depois de mim só haverá o antes de mim. Porém, como negar que esse é o melhor dos planos? Não há castigo pior que morrer ainda vivo. Procuro satisfação nas coisas simples, mas vejo apenas a coloração cinza das horas... Ando por aí na corda bamba dessa bendita ansiedade, onde costumo exercitar o "equilíbrio". Continuar assim é uma pilhéria. - E essa dor que não consigo descrever nem é dor, de fato. Tentam nos enganar com soluções amorosas - Que servem aos propósitos desses "amores"... - Embora cresçamos mesmo é com as dores. - E que só piora o meu estado de saúde mental. As vezes penso que eu sou a fleuma e o caos: um desgraçado psicopatológico tateando em direção ao fim ainda que dopado de mim mesmo, que se revela nas crises. Felizes, os tolos, que preferem não se desviar do diagrama. Sigo, então, vivendo (perdoe-me a força de expressão), com a impotência declarada de meus dias terminais.

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 31/08/2016
Reeditado em 12/02/2024
Código do texto: T5745997
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