Hoje, em um dia de sol...nesta Curitiba de tanta gente, neste nosso Brasil tão belo, escrevo:

Depois que recentemente terminei O Poeta e Nuvem Menina, por ser divulgado em proximo lançamento, fiquei ainda mais íntima daquela parte lá, acima da minha cabeça, a que chamam de Céu.

Não! Não falo do subjetivo, simbolizado pelo Céu em que habita o Criador.

Me refiro a outra, aparentemente um pouco abaixo, cujo dominio pertence às adoráveis estrelas, ao sol, à lua, às nuvens, em algumas vezes, as condensaçoes de vapor naturais e necessárias, aos trovões mal humorados...aquele lugar especial que, em se olhando, leva-nos a tantas divagações.

Dando asas ao meu já então espírito vagabundo, eu menina ainda, lá entre os seis aos dez anos, na casa doa Rua Benjamin Constant, 170, parte rica das minhas melhores lembranças infantis, em uma escadinha de degraus largos, de cimento encerado e avermelhado, alí espremido meu corpo menino, deitava eu em um deles e olhava o caminhar das nuvens. Fazia músicas e ou poesias, grande parte deles de “pé quebrado” como se diria em giria pejorativa aos escritos algo mal feitos.

Digo isto sem convicção, pois uma crinça fazendo versos ou conversando com nuvens me parece algo promissor. É muito lindo.

Minha mãe, embora amante das artes tinha outra opinião.
Hora era, aquela minha, segundo ela, a de brincar de “esconde esconde” (que bobagem, eu pensava), de “amarelinha”( chato...), de ciranda cirandinha( antigo, antiiiiiigo)...

Preferível falar com nuvens, escutar o que diziam, interpretar, sobretudo, as formas que tomavam tão inesperadamente. Assim eu pensava...

Ate agora gosto desta prática. E claro que nem todo mundo deve saber disto... Ou, se souber, porque aberto é o meu eu, nem todos vão plenamente entender.
Mas, perdão, isto me parece irrelevante...

Ponto final...Devo afirmar, sim, que tenho muito a ver com nuvens.

Maravilhosas, maravilhosas nuvens...

Cedinho, hoje, ali onde tomo diariamente o meu café, no minúsculo recinto que os construtores deste prédio chamaram equivocadamente de varanda, local envidraçado, eu observava...É muito bonito, muito.

Durante algum tempo identifiquei uma tartaruga seguida de um aparente ramo de flor.
Exite algo mais intenso e fecundo para a alma do que observar estas duas formas se movimentando...lá muito em cima...ao sabor de um vento suave...somente para mim... Assim eu as via...

Dançando, minha retina, esta para sempre criança, brincava de SER na Nuvem Menina, fofa e clara, navegando no firmamento azul anil resplandescente.

Aqui em baixo, parada em mim, a alma safada balbuciava: “ Você gostaria de ser uma Nuvem Mulher, Bel?”

Respondo, alvoroçada:

Já sou!

Obs.:
Devo explicar. O Poeta e Nuvem Menina, meu último livro. Ele, um só, meu personagem...eterno. O Poeta.
Mas a nuvem toma três estágios. Primeiro é Nuvem Menina, depois Nuvem Mocinha e finalmente Nuvem Mulher, quando acaba sua vida sob as cores do Arco Iris, naquela praia deserta...

Seu fim me faz chorar ainda que eu própria o tenha escrito...A cada vez que o leio...

Sempre disse, repito, que uma boa dose de loucura me habita...
Nunca o contrário!
Me habita, sim!
isabel Sprenger Ribas
Enviado por isabel Sprenger Ribas em 31/08/2016
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