O que aprendi sofrendo?

Sentir. Privilégio que poucas pessoas possuem. Tive o privilégio de sentir. Sentir o toque, sentir o cheiro, sentir a presença, sentir o cheiro de um perfume natural de pele. Sentir o cheiro da respiração. Sentir o sorriso, sentir a fala. Senti medo. Senti medo de sofrer. Ironicamente, não tive medo de fazer sofrer pelo que sentia: sentia que jamais faria você sofrer. Sentia-me longe... Estava longe de qualquer sentimento que me desse vida; algo que me desse vida além de meu palco diário. Lá, na escuridão de um coração solitário, havia uma placa: procura-se sofrimento. Você o leu! Queria crescer! Cresci. Cresci porque sofri... Sofro para que a felicidade nasça. Leram a placa e me ofereceram sofrimento e eu aceitei. Aceitei pelo simples fato de querer crescer, de renascer para o sofrimento. Sofro, é verdade. Às vezes penso que seria melhor que a placa não tivesse sido lida. Antes, o sofrimento era aliviado pelo sorriso, pelo prazer do toque, pelo prazer do cheiro de uma simples respiração. Nada de palavras. Apenas uma respiração simples que me completa. Na solidão de vinte e quatro horas sem você, uma eternidade surge. Surge para perpetuar o cheiro de sua respiração. Perpetuar a verdade, perpetuar a transparência, a sinceridade, a honestidade, tudo que guardei para doar a quem fosse digna, mesmo que esta dignidade durasse apenas longos e eternos 24 dias. Neles, fui um com você. Chegou ao ponto de você me senti e senti como sofria. A dor saudade doce e doída de dias que me sejam eternos na memória solitária de quem só quis te amar. A estes dias, meus aplausos. Nunca me senti tão vivo com tão pouco. Hoje, volto aos meus dias cobertos de mesmices: solidão fria de quem fecha os olhos para sentir o cheiro de tua respiração. Hoje, sofro pela tua liberdade, sofro pela beleza de deixar ir quem me deu a vida por horas: palavras e sussurros. Hoje, estou a vinte e quatro horas sem falar com você, sem ousar de dizer uma palavra sequer. Embora meu coração arda de vontades em saber como estás, prefiro a suavidade e o desespero de meu silêncio; prefiro o barulho ensurdecedor de minhas palavras não ditas. Prefiro meu silêncio, o silêncio de quem aprendeu que o sofrimento de deixar ir é muito melhor do que a felicidade de deixar ficar. Quem sabe conversamos novamente... Quem sabe entendas que meu sofrimento fez surgir a pedra mais preciosa e madura no casulo frio de um coração só. Pelo meu sofrimento, obrigado! Por ele, fui sincero, honesto, transparente, sensível, fui quem você mereceu por poucos longos e eternos dias. Ao sofrer, amei. Hoje, te amo. Amanhã, ainda só te amarei. Ao amor, um brinde. Ao futuro, um brinde. Ao meu sofrimento, um brinde por saber que amei e amo quem jamais tive. Até, meu amor!

Carlos Maciel CJMaciel
Enviado por Carlos Maciel CJMaciel em 28/08/2016
Reeditado em 28/08/2016
Código do texto: T5743014
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