O AMOR E SUAS TRAMAS
Se aproxime, Amor, que hoje és meu convidado. Vou descobrir as tuas tramas, tuas artimanhas, tu não és tão doce como se pensa e como se fazes. Eu sei que muitos têm caído em prantos por causa das tuas artes, que tens brincado com o coração de muitas pessoas... Chega dessas gracinhas, vamos pôr as cartas na mesa! Afinal, quem és tu? Qual é o teu jogo? Por que tens prazer em fazer sofrer, fazendo que te sintam em profundo? Sua essência penetra na carne e envenena a alma; os olhos são tolos, eu sei... Os pensamentos piores ainda! Mas o coração... O coração vira teu escravo eterno, apanha e quer apanhar, sente prazer em te sentir e fica a mercê de seus castigos, porque o enfeitiças com tuas porções de aromas que embriagam.
Dizes ao pé do ouvido, com aquela voz manhosa: "eu te quero, vou morar em teu peito, vou beijar os teus lábios, vou levar-te à loucura" e que fazes? Que fazes com os Homens que eram de coração puros? Que eram firmes e fortes? Os transforma em Homens doentios, fracos; Homens que se embebedam para arrancar-te do peito por pelo menos um momento; morrem e matam por ciúmes.
Então, Amor, que tens a me dizer? Ah, agora rir da minha cara! Esse teu sarcasmo... É que sabes, não é? Sabes que já fui escrava tua, que dilacerastes, quebrastes meu coração. Vai, pode rir! Que tens razão, fui boba ao cair nas tuas armadilhas e acreditar nas tuas promessas. Mas eu te garanto, ordinário Amor, que neste coração não mais habitas, a não ser que te agrade morar em ruínas. Vai, levanta dessa cadeira e sai dessa sala, vai procurar lá fora quem ainda acredite em ti! Que eu mesma, Amor, já acreditei, no entanto, haha... Não acredito mais.