Guerra Fictícia
Os anos somam-se cruéis nesta jornada singular
O silêncio se faz presente novamente em meu peito
Como um amigo invisível de conduta impiedosa
A angústia pelo próximo passo se perdeu com o tempo
Pois a cada passo, por mais longe que transporte o ser
Nunca é perto suficiente do que mais desejamos
As flores do jardim murcharam esperando serem regadas
A esperança mais uma vez decorreu-se no ciclo eterno
Onde a constância e o equilíbrio não te fazem vencer
O toque agora faz parte de um passado muito distante
A solidão se torna uma prisão tangível sem grades
No alto de uma montanha esquecida na história
Ouço as lamentações intermináveis do mundo cinza
Trazidas pelo vento até onde mora o conhecimento
Cada tristeza lídima tem o seu momento inicial
Aquele instante onde tudo muda e se torna imperfeito
Uma revolução interior que transgride o caos intrínseco
Nos pensamentos as palavras viram atos heróicos
Em uma guerra fictícia contra o seu pior inimigo
Aquele que não temos coragem de enfrentar no espelho
Para podermos encarar os dias de cabeça erguida
E até as considerações mais sombrias sobre a essência
Viram brincadeira para todos aqueles fieis fervorosos
Os sentimentos que são apagados na escada do destino
Transformam-se em sombras de um passado sem triunfo
Um lugar entre o esquecimento e o perdão celebrado
Uma fenda no espaço que acabou virando uma cicatriz
Para te lembrar que a felicidade não é um bem comum
Formando uma ferida para a qual não haverá cura
Um dor que não se pode descrever com simples opiniões
Sem um precedente preparatório ou alguma instrução
Esmagando as suas melhores convicções de sustentação
Sem nenhum tipo de remorso no olhar empedernido
Extinguindo tudo que até ali foi construído com afinco