O Ouro e os tolos.
Quanta hipocrisia num só frenesi... Uma sinfonia bem modesta... Uma nota... Uma sílaba... Totalmente disrítmico, descompassado. Só um grito. Destoante... Dissonante... Quando antes havia se perdido, rostos envergonhados se mostraram. Desapontados, revoltados. E diziam nunca mais querer, torcer, vibrar. E há pouco: gritos; torcida; vibrações; frenesi. Os mesmos rostos que se contorciam de raiva, que se diziam decepcionados, estavam em expectativa por um gol. Esperando... Acreditando... Até quando? O último segundo? Último milésimo? Vergonha falsa! Revolta falsa! Em outras palavras, hipocrisia. Inflamada pela frenética pulsação do próprio ego patriota. Cansei. São choros que não me comovem, revoltas que não me inflamam, euforias que não me alegram, hipocrisias que não me afagam. Não me confortam. Não faço disso meu travesseiro à noite. Nem meu alimento ao dia. Meu coração deixou de bater nessa frequência.