Diálogos inconscientes
— Você seria capaz de esquecê-lo?
— Não.
— Ninguém é inesquecível.
— Você acredita nisso, doutor?
— Sim... ou, pelo menos, tentamos acreditar.
— Se eu tivesse Alzheimer, talvez fosse capaz de esquecer o nome dele, as histórias que vivemos, as brigas que tivemos, mas não poderia esquecer aqueles olhos.
— O que havia de tão especial nesses olhos?
— Eram olhos que podiam sorrir; mais belo do que qualquer sorriso que já tenha visto.
— É por esse motivo que você não poderia esquecê-lo?
— Eu simplesmente não poderia, porque ele está em todos os lugares. Quando acordo, ele é o meu primeiro pensamento do dia. E antes que eu durma, o último. Ele está lá... em cada cena dos meus sonhos e até em cada esquina dos meus pesadelos.