Anoitecer resplandecente

Mais dois passos e posso ver a luz que está a minha frente

Depois de todo esse caminho tortuoso que foi percorrido

Não há tempo para ficar prostrado em frente aos portões

Esperando que a dúvida lhe trouxesse as respostas almejadas

Como se todos os desejos não convergissem em um sentido

As lembranças surgem sem nem ao menos serem convidadas

Mostrando como a vida pode ser ardilosa na idealização

E ao mesmo tempo uma calmaria depois da tempestade

Dá-se conta de que todos os segundos valem por horas

Cada átimo tem um valor inestimável e insubstituível

E que um abraço nunca poderia ter te trazido segurança

Amargurado é o ser que não teve tempo de aprender a sorrir

E que se atormenta diante de todos os seus pecados

Desiludido por tudo o que deixou no caminho cruciante

Com toda a sua existência quase imperceptível e ilusória

Uma mentira bem contada com todas as suas artimanhas

Que sempre foi alimentada com muito sofrimento e solidão

E que nunca encontrou um remédio que fosse capaz de curar

Ou pelo menos que remediasse um pouco todo esse pesar

Aquela dor lancinante alojada no fundo de uma alma sevíciada

Que lhe foi presenteada no dia de sua ascendência descabida

Um evento daqueles que você não deseja comparecer

E nem se interessa em procura por noticias no dia seguinte

O corpo começa a te mostrar os sinais do cansaço extremo

E então percebe que esta chegando àquela hora prevalente

Em sua memória estão todos os detalhes insignificantes

Que o seu orgulho nunca permitiu que fossem esquecidas

Sabe que carrega muitas coisas que não são suas por direito

Mas não se permite admitir que fosse passível de frustrar-se

Faz um último esforço para dar somente mais um passo

Pois suas pernas já não aguentam mais todo esse peso

A respiração extenuada se torna cada vez mais complicada

A seiva da vida que anteriormente nutria seu corpo por inteiro

Agora escorre entre seus dedos manchando o chão de carmim

Um momento incoerente onde as lágrimas são libertadas

E o arrependimento se faz presente no fundo dos olhos

O coração se entrega aos poucos absolutamente fora do compasso

A luz que seduzia os desejos do que sobrou da essência

Transforma-se aos poucos em um anoitecer resplandecente

As pálpebras se tornam janelas difíceis de permanecerem abertas

Prontamente a escuridão se apresenta cálida com a sua serenidade

A quietude em seus pensamentos traz uma intensa tranquilidade

Deixa-se envolver e não resisti se entregando à conformidade

kdu
Enviado por kdu em 09/08/2016
Código do texto: T5723618
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