Devaneios de segunda feira

Hoje eu só queria deitar e olhar o céu... Olhar o céu o dia inteiro! Me deitar, olhar pro alto, e esquecer de tudo. Tudo mesmo... Não ter de me preocupar em ir à faculdade; em ocupar meu tempo com o que as pessoas dizem ser útil ou necessário; em superar – seja lá o que for... Eu só queria olhar para o céu e sentir a minha existência, sem ter que evocar qualquer outra lembrança ou pensamento – pensar demais me deixa doente.

Olha... Hoje o céu quase não está azul. Está tão claro, agora, às 15:57, desta segunda feira, lenta, que o céu está quase branco... Lindo e pálido. Triste, talvez. Mas impecável. E eu nunca mais irei ver esse céu, embora sempre foi e sempre será o mesmo. Pode ser que eu sinta a nostalgia em um dia distante, talvez nem isso. O instante já se foi. Até aqui, nestas palavras, o céu já é outro e ainda é o mesmo...! O mesmo. E eu não sei quem sou, nem aonde vou, nem o que estou fazendo... Por isso, por um instante, eu gostaria de esquecer a minha existência. Esquecer que eu penso. Que eu posso evocar o passado, e dias lindos que nunca existiram, futuros lindos que eu não vivo e jamais existirão – e é possível que nunca viva [entãoeusórespiro].

Queria estar distante de todo e qualquer ruído de máquinas. Só deitar e amar o céu em todas suas cores e formas. Amar o céu em toda a sua infinitude... Sentir essa solidão única de nunca estar sozinho quando não se tem ninguém em volta. Essa solidão... Quem sabe?... Quem? Talvez não estejamos sozinhos mesmo.

Às vezes sinto um frio na barriga quando olho pra cima. É como se meus olhos encontrassem o seu, em algum lugar lá no alto, é como se estivéssemos próximos de alguma forma que eu não entendo. Mas isso é besteira. Pura besteira... Romantizar o mundo: eis o meu problema. Parece absurda a ideia de planos diferentes, de pessoas se encontrarem num outro espaço que não seja este palpável; mas, veja por outro lado: vivemos em uma “bola” que roda num espaço infinito, junto com outras milhares “bolas”... Quão maluco isso parece? ? ? Seilá. A gente só acredita.

Eu só queria isso... Mas já estou perdendo a hora. Preciso correr para ir onde nem quero... ! - queria correr para o teu lado. Mas aqui estamos: distantes. Aqui estamos: nesta bola girando. Aqui estamos: pensando em... E eu só queria olhar o céu e sentir o seu existir! Celebrar a sua infinitude, assim como a infinitude do amor. Talvez olhar teus olhos. Teus olhos e o céu, apenas. Celebrar a magnificência de ambos. Os mistérios... Acho que por isso, por tanto não saber deles, os amo tanto - tanto tanto tanto.

Eu só queria olhar o céu... E aqui estou eu... E não sei como parar de pensar. Não sei...

Larissa Maciel
Enviado por Larissa Maciel em 08/08/2016
Reeditado em 29/10/2017
Código do texto: T5722626
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