Sobre a Arte e a Vida
A resposta para a incógnita da vida copiar a arte ou a arte copiar a vida surge justamente desta dinâmica de afetos, de inspirações. A arte tem como característica brincar com as virtudes, copiar a vida em cada manifesto da mesma. Esta é a característica que a eleva, descompassando o imaginário do público, inquietando e propondo filosofemas, ou seja, proposições filosóficas que nos arrancam da simplicidade e da monotonia.
A arte não tem a obrigação de ser sublimemente pura e delicada ou grosseira e espantosa, sua nobreza ou seu encanto está necessariamente no encontro de um perfil avulso com o elemento propriamente dito. Acerca disso, podemos afirmar que a polêmica da provocação do artista e o entendimento do público nasce de um joguete hermenêutico de um artista que conhece bem as suas ferramentas de trabalho, embora não precise necessariamente conhecer o perfil das pessoas que se depararão com suas obras.
Tendo tal obra se encaixado nas características que aponta-se como sendo elementos da arte, que é, acima de qualquer coisa, a brincadeira com o entendimento da obra e o esforço para entendê-la por parte do público, defendo que a confusão provocada pelo artista promove o seu destaque e a sua referência. Assim como outras formas de arte, como as poesias de Fernando Pessoa, não se deve haver a cobrança de conformidade da expressão artística com o universo imediato, diga-se talvez que é preciso que haja inspiração recíproca entre tais universos.