SEGREDOS E SORRISOS

Tenho um segredo para te contar... Segredo este que com o tempo não é baú para mais ninguém.

Há quem se reprima. Eu, por exemplo, já fui dessas de temer até o dilatar de minhas pupilas quando a paixão me devorava, quando o coração disparava de ansiedade pelo desconhecido.

Eu temia até minha sombra, quando o meu semblante mudava, quando meu corpo se esculpiu. Tudo isto por temer esse grande segredo que já não é mais segredo: o de mudar, o de estar mudando e lapidando o meu próprio eu.

“Quanto egoísmo da minha parte escrever algo sobre os meus tantos ‘eus’”... Mas agora é necessário. Tão necessário quanto respirar é escrever sobre mim nesse momento.

Um belo dia acordei diferente, com uma fé indubitável, com vontade de amar, de ter, de querer, de fazer. Eram tantos verbos pra conjugar num lapso temporal tão pequeno.

Aí parei de usar algumas palavras – mergulhei nos sinônimos - , se é que entendes o que escrevo assim por essas entrelinhas... Escrevi para o(s) meu(s) amor(res) e desejei tudo das mais boas e más intenções que alguém pudera desejar. Escrevo “más” porque me ensinaram que querer não é tão bom assim (mas é bom sim sentir, f*da-se o que aprendi, eu também aprendi a desaprender).

Depois disso, foi uma turbulência. Tantos conflitos que ninguém via, poucos entendiam e eu me lembro o dia que depois de tanto chorar, eu finalmente sorri. Estávamos na escada. Eu, demasiadamente entusiasmada, soltei aquela risada que nem a melhor piada supera. Meu amigo olhou em meus olhos e disse “como é bom ouvir sua gargalhada. Fazia alguns meses que você não sorria...”

Daquele dia em diante prometi a mim mesma que eu não temeria mudar. Que eu não poderia ficar sem sorrir, afinal, o sorriso é a manutenção da vida e que sorrir das próprias mazelas nos transforma também.

Era esse o segredo não secreto. Nada demais. E já nem sei como comecei este texto e muito menos como ele termina. Só sei que estou leve, tranquila e principalmente: sem entender nada. Mas quem é que entende?