Milagre
Suavemente anoitece e o pôr do sol inexplicavelmente aparece.
Seus tons alaranjados de uma tarde de verão fazem o coração sofrer sem razão.
Sem razão?
Não! Sofrer por não ter.
Por não ter aquilo que acha merecer.
Mas os tons alaranjados não têm a ver com o coração que só tende a sofrer.
O sol dá lugar a lua. É noite...
Aí, tudo começa a sumir.
Sumir a esperança que guarda como lembrança. Sumir tudo até quase não existir.
A lua resplandece sua beleza, as estrelas aparecem e com elas vêm aparecer no coração sofredor a angústia de não ser.
Sente não existir, não ter e mão ser?
Sente não existir, por quê?
Por não ter com quem compartilhar a vida que ali ainda está.
Não ter?Não ter nada a oferecer para aqueles que querem ter o prazer de viver.
Não ser?
Não ser amada, querida, na vida daquele que sempre quis ter, para poder sentir a vida que sempre desejou merecer.