Publicitários em apuro!

É, eu desisti!

Ser publicitária na minha cidade só me trouxe desilusão. É foda você escolher a sua profissão por empatia, se apaixonar por ela e querer viver disso. É foda, porque o tombo é maior e dói mais. Eu desisti da minha área e não foi por falta de tentar ou de gostar dela. Foi por falta de reconhecimento.

SIM! Eu tive um chefe que foi espetacular. Ele era um ogro como pessoa, mas como professor, me ensinou praticamente tudo que eu sabia para seguir carreira, coisa que a faculdade não fez direito. Mas pagar? Ah isso ele não gostava muito não, mas ao menos me deu conhecimento em troca e os outros?

Seres malditos que só mudam de endereço, de nome e estatura, né? Não sei nas outras áreas, mas na publicidade eles são terríveis.

Escuta aqui meu amigo, antes de falar/pensar merda de mim pois estou te difamando em “praça pública” porque não pensa e não se coloca no lugar dos seus funcionários e tenta viver UM MÊS com nosso salário merreca de R$ 1200 pilas.

Por que você não faz isso?

Por que te parece impossível, talvez?

Por que te parece desumano ter que, no meu caso de redatora, escrever seus cartões de Dia dos Namorados e Colação de Grau para sua namoradinha?

Por que é fácil você estar preocupado com a suas viagenzinhas e jantinhas pessoais e deixar toda a merda nas nossas mãos e quando você chega está tudo lindo e resolvido e você simplesmente fala pro cliente que: ah, sim, está tudo resolvido cuidei de tudo!

Pasmem, um desses chefes me pediu se eu morava sozinha? Amigo, com o salário que você me paga, mal posso morar na casa da minha mãe, imagine sozinha.

Alguns outros adoravam confraternizar e brincar de cozinheiro (ah, não foi somente um, acho que isso é fonte de lazer de donos de agências) para seus amigos praticamente toda semana. Sim, não eram jantinhas baratas nem nada, eram sempre ostentações e luxo. Assim como trocar de carro todo ano, e sim, novamente, não eram carrinhos populares e normais, eram carros de luxo. Assim também como as viagens, que como tudo na vida deles não era normal e, sim, de luxo.

E o que a gente ouvia toda vez? Que a agência está no vermelho, que precisamos render mais e ganhar menos, que quanto mais rendêssemos, mais a agência lucraria e a equipe cresceria junto. Que eles não queriam uma equipe qualquer, eles querem profissionais empenhados, que saibam fazer muitas coisas e que saibam várias línguas. Agora eu te pergunto, como eu vou fazer um curso bom se ele custa o valor do meu salário inteiro?

E não, o curso não é caro, nós que ganhamos poucos. Nós que somos desvalorizados, nós que quando precisamos ir ao médico em horário comercial, ficamos sendo olhados de cara feia por dois ou três dias após.

Sim! Isso mesmo, é esse tipo de barbaridade que escutamos numa agência de publicidade, muitas vezes.

Nós que vivemos numa merda de profissão onde os donos se “combinam” de ganhar pouco para o funcionário não fugir.

Já recebi alguns parabéns e elogios sim, mas infelizmente meus amigos, eles não comprar comida, não pagam aluguel e não fazem ninguém sobreviver.

É por isso a minha tristeza, por largar mão de uma coisa que eu amo tanto por causa de alguns chefões mão-de-vaca que não sabem que, sem os funcionários, a empresa deles não sai do lugar. Que sem bons criativos eles não podem se gabar para os clientes e dizer que sim, eles que fizerem o trabalho. Digo em nome de todos os colegas de profissão: VOCÊS NÃO SÃO NADA SEM OS FUNCIONÁRIOS DE VOCÊS, são apenas papo furado e promessas que nunca vão se cumprir. E as agências respeitosas que me desculpem, mas aqui em Cascavel a realidade de onde trabalhei e de onde mantive contato com colegas, é assim! Se a sua não for, gostaria de enviar um currículo, pode ser?