Conhece-te a ti mesmo

Apaixonei-me pela mente humana e por todas as formas de tentar entendê-la. De uns tempos para cá, encrenquei em querer aprender métodos de auto aprimoramento que fossem realmente úteis e práticos. Tem sido um desafio, no mínimo, excitante. Às vezes, reflito a inocência de quem diz estarem sempre abertas as portas do conhecimento. Se você, assim como eu, já quis desvendar os mistérios da mente, sabe que não somos bem recebidos em todas as casas – há informações que não querem nos ver nem pelo olho mágico.

Um grande amigo – e professor – uma vez confessou-me ter gosto particular pela frase inscrita no Templo de Apolo em Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. Na época, compreendi minimamente o amplo significado da coisa. Anos depois, acho que comecei a pegar a ideia do rolê. Ao contrário do que diz o senso comum, livros e pesquisas na internet nem sempre são os melhores materiais de estudo. Na verdade, arrisco dizer que ao se tratar da sua própria mente, é improvável que haja material didático mais bem elaborado que você. Se esse era para ser um daqueles momentos clichês em que temos vontade de nos interrogarmos em frente ao espelho com o intuito de encontrar respostas para perguntas existenciais, definitivamente não é.

Pensar quem somos é incomparavelmente mais complicado que analisar nossos reflexos. A grande sacada é entender que descobrir características dá medo, e que os meios que usamos para encontrá-las são demorados, exaustivos e passíveis de erro. Deitar no quarto e pensar na vida até cair no sono é muito interessante, mas brincar com a mente é o que verdadeiramente nos ensina. Brincar é se forçar a experimentar diferentes situações, marcar as variáveis, alterá-las e viver tudo de novo para ter os novos resultados. Brincar é se propor a pensar fora da caixinha e agir como se corresse dela. Brincar é estimular melhores hábitos e mantê-los custe o que custar. Brincar é aprender a aprender. Brincar é quase um jeito único de ser.

Proponha-se testes que lhe indiquem características desconhecidas ou, ao menos, reafirmem aquelas que você já tem convicção de possuir. Como eu disse, encrenquei em querer entender a mente. Infelizmente não serei capaz de compreender a sua, mas estou doutorando na minha. De tudo que consegui assimilar, uma coisa é certa: no jogo da compreensão própria, não é o ponto de chegada que importa, mas sim o longo caminho que leva até ele. Não pegue atalhos – o lobo mau existe.

Não que eu seja um GPS cerebral, mas vou dar-lhe uma pequena dica de por onde começar. Esta semana me propus a repensar o porquê de sempre reafirmarmos condições ruins e deixarmos passar em branco os dias bons. Meu desafio é que você diga a si mesmo: “Eu tô passando bem!”. Garanto que é prático, útil e altamente contagioso.