A Ilha
Somos o lixo dos rios,
E o estrago nas ribanceiras,
Somos as plantas rasteiras,
O segredo dos desvios,
Com o mau, sempre no cio…
Somos o que não tem cura,
E uma grande rachadura,
Que provoca os terremotos...
Nos fingimos de devotos,
Dos santos, usamos o nome,
Mas se eles sentissem fome,
Morreriam, com certeza,
E essa é a minha tristeza,
Podíamos ser o contrário,
E em vez de um rosário
De contas, que só ilude,
Devíamos ser como um açude,
O ano inteiro, coletivos,
E não, esse ser cativo,
Onde só a casca brilha,
Pois não passamos de uma ilha,
Perdida, num imenso vazio.
Alque