O silêncio

A casa vazia se transforma em uma prisão sombria

Com paredes mofadas pelo tempo na escuridão

Aonde você cumpre os seus crimes fictícios

Sempre julgado por qualquer um que se sinta digno

Sua sentença perpetua nunca deixa de ser a mesma

A cada segundo questiona se um dia escolherá o caminho certo

Mas duvida que realmente exista o certo em alguma direção

Pois todas as ruas estão cheias de santos e benfeitores

Seres iluminados que são imunes a nossa realidade

Andando com toda a segurança que o ego lhe garante

No fundo dos olhos não encontra mais uma chama acessa

E as marcas do tempo ficam cada dia mais insuportáveis

Os sonhos neste momento são filmes em branco e preto

As poucas memórias que ainda sobrevivem na lembrança

Se tornam poeira nesta tormenta naturalmente intrínseca

Um gosto amargo que ficou gravado no fundo da garganta

As recordações aprazíveis foram todas levadas pelo vento

E o silêncio foi tudo o que restou do passado findado

O circo que outrora se enchia de glórias em seu espetáculo

Agora não passa de um terreno escuro e abandonado

Percebe que não adianta pedir socorro, pois ninguém vai ouvir

E que suas palavras sempre fazem muito mais sentido

Quando não são sobre a sua insignificante presença

Se sente realmente solitário nesta existência vigente

Como uma garrafa flutuando na imensidão do oceano

E que não pode controlar como tudo um dia vai acabar

Pois sabe que já perdeu esse direito à muito tempo atrás

Sente que a tristeza começou a partir o seu ser em dois

E o que sobrou foram as migalhas espalhadas pelo chão

Pedaços do que um dia poderia ter sido uma grande história

Um daqueles contos maravilhosos cheio de aventura e ação

E talvez assim a solidão fosse apenas uma expressão distante

Do cotidiano habitualmente perene e imutável

kdu
Enviado por kdu em 28/07/2016
Código do texto: T5712061
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