O silêncio
A casa vazia se transforma em uma prisão sombria
Com paredes mofadas pelo tempo na escuridão
Aonde você cumpre os seus crimes fictícios
Sempre julgado por qualquer um que se sinta digno
Sua sentença perpetua nunca deixa de ser a mesma
A cada segundo questiona se um dia escolherá o caminho certo
Mas duvida que realmente exista o certo em alguma direção
Pois todas as ruas estão cheias de santos e benfeitores
Seres iluminados que são imunes a nossa realidade
Andando com toda a segurança que o ego lhe garante
No fundo dos olhos não encontra mais uma chama acessa
E as marcas do tempo ficam cada dia mais insuportáveis
Os sonhos neste momento são filmes em branco e preto
As poucas memórias que ainda sobrevivem na lembrança
Se tornam poeira nesta tormenta naturalmente intrínseca
Um gosto amargo que ficou gravado no fundo da garganta
As recordações aprazíveis foram todas levadas pelo vento
E o silêncio foi tudo o que restou do passado findado
O circo que outrora se enchia de glórias em seu espetáculo
Agora não passa de um terreno escuro e abandonado
Percebe que não adianta pedir socorro, pois ninguém vai ouvir
E que suas palavras sempre fazem muito mais sentido
Quando não são sobre a sua insignificante presença
Se sente realmente solitário nesta existência vigente
Como uma garrafa flutuando na imensidão do oceano
E que não pode controlar como tudo um dia vai acabar
Pois sabe que já perdeu esse direito à muito tempo atrás
Sente que a tristeza começou a partir o seu ser em dois
E o que sobrou foram as migalhas espalhadas pelo chão
Pedaços do que um dia poderia ter sido uma grande história
Um daqueles contos maravilhosos cheio de aventura e ação
E talvez assim a solidão fosse apenas uma expressão distante
Do cotidiano habitualmente perene e imutável