DOS PACTOS
As relações humanas (mais intimas, entre duas pessoas) não podem ser engessadas em fórmulas que, previamente como um acordo social serão aceitas como corretas ou erradas/equivocadas, isto porque cada ser, ainda que pertencente a uma mesma espécie, a humana, e possuir pluralidades de comportamento quando confrontado aos demais, como medo, anseios, desejos, inclinações e qualquer outro sentimento, também é senhor de suas singularidades, e possui seu ponto de vista sobre os fatos da vida, diferente dos demais, de acordo com a cultura adquirida em sua vida, seu conceito de moral e suas experiências.
Assim, o encontro e os pactos firmados pelos seres de essência plural e características singulares, devem se enquadrar à necessidade desse laço, seja amizade, profissional, amoroso ou outro.
Para se viver bem em sociedade, são impostas as normas do dever ser (deontologia), para não se perder o controle dos aglomerados de indivíduos, que certamente em busca de seus desejos, se não houvessem regras, colocariam o convívio em crise, isto porque, a natureza humana é mais inclinada a reagir sem pesar (ontologia) do que a pesar e refletir, que só fazemos porque crescemos moldados aos mais diversos juízos de valores.
É importante tomar ciência que um pacto firmado em determinada relação, que se revelava eficiente, atingindo a excelência, pode passar por deterioração, isto porque, conforme o discurso de Heráclito de Éfeso, tudo flui, isto é, as coisas estão em constante mudança, assim, o indivíduo não é um ser estagnado em sua existência, e sentirá o desejo de aprimorar os seus pactos.
Parmênides de Eléia, na contramão deste pensamento, certamente não anuiria a tal pensamento, uma vez que pregava a imutabilidade do ser.
Seja pela ótica de Heráclito e sua mutabilidade, ou de Parmênides e sua imutabilidade, o indivíduo precisa entender que se em determinada relação, que tomaremos por exemplo, a amorosa, os seres que estão pactuando e acertando as regras entendem ser inconveniente o chamado “relacionamento aberto”, não significa dizer que os demais devam aceitar aquilo como um dever ser dos demais relacionamentos. De igual modo, tal pacto que pode servir e ser adequado por toda vida, ou seja, ser imutável, também pode se deparar com a necessidade de sofrer alterações, diante da mutabilidade do ser.
Enquanto a sociedade necessita viver guiada pelas regras previamente acertadas, o indivíduo tem a benesse de constituir seus próprios pactos de relacionamento, a fim de atingir a paz de espírito.