Receita
Sei que na tua pele correm feridas que nem Merthiolate há de curar.
Que essas feridas têm dono, razão, hora e lugar.
Pega aquela caixa, vem aqui sentar,
Posso não curar, mas admita, não custa nada tentar.
Uma gaze, um soro e uma pomada pra encobrir.
Qualquer coisa que não te deixe partir.
Cacos pelo chão, água quente no fogão,
Ou qualquer coisa que complete essa oração.
Sapatos jogados pela casa, coração quase em brasa.
Ei! Desvie dos cacos, tente não pisar.
A gaze é infinita, mas a dor pode aumentar.
Quase como se tivesse ganhado asas, pouse em mim com um leve flutuar.
Não caia, não desista de tentar.
Estou aqui e irei lhe amparar.
Serei sua salva-vidas sempre que precisar.
Com um grito de SOCORRO, já não tem porquê chorar.
Fecho a casa, confiro o portão.
E em um instante, estou de prontidão.
E de quem é a culpa?
Ninguém ousaria se entregar.
As feridas sangram, não se pode evitar.
Mas, com toda certeza, posso amenizar.
Ou pelo menos, meu querido, irei tentar.