SOBRE A DEMOCRACIA

Não se vive a ditadura sem dor; e administrar a democracia é uma aventura. Aventura esta que pode ser prazerosa, conquanto tenha seus riscos. É como o equilibrista que percorre concentrado seu caminho de insegurança, mas tem os olhos fixos no final da empreitada quando os aplausos da multidão hão de coroar sua trajetória. Com uma diferença: a trajetória da democracia não pode ter fim. Seria a decretação de sua morte. Experimentar a democracia é um exercício diário que se constrói na própria vivência do ethos democrático. Como o pão diário de Jesus em sua famigerada oração, precisa ser conquistada a cada dia para alimento do dia. A democracia de hoje não alimenta o Estado de amanhã. Qualquer cerceamento da liberdade de expressão pode ser o primeiro nódulo do câncer que provocará o falecimento da democracia. Assim sendo, construir a democracia é um desafio para cada geração e não há louvor presente, só futuro, quando as gerações subseqüentes darão o veredicto sobre a que a antecedeu: nossos pais e nossos líderes do passado nos legaram o presente da democracia!