Loucura e sanidade
Cada era julgou o ser alienado sob um prisma peculiar. Na idade média, tempo em que o entendimento das ambiguidades e o transtorno causados pelo abatimento das grandes verdades, numa atmosfera de corrupção, decadência e a hipocrisia da Igreja, que levou o homem imerso na perplexidade e na dor, a um caos existencial, uma época voltada para a bruxaria e a demonologia, quando os dementes eram tidos como endiabrados, possuídos, e eram degredados, punidos com desumanidade, recolhidos à masmorras, prisões e até queimados.
Durante a Renascença, artistas e homens brilhantes, sábios, filósofos, grandes inteligências, com a faísca do Divino em sua visão, foram vistos como exaltados e desvairados, muitos foram perseguidos.
E, segue o homem para a idade moderna portando sua culpável incapacidade, onde os sãos, ignorando que a razão tem limites na imaginação, diagnosticam e delegam o destino dos doentes mentais às trevas dos hospícios e à experimentação da indústria farmacêutica.
Hoje, quando poucos pensam e analisam, e a maioria delira em suas modalidades de loucura, alguns entendem que a rebelião da loucura é uma metáfora da realidade e, que o louco está mais próximo do sublime do que o juízo dos homens.