Vinte e cinco minutos para os trinta

23:35, 24 de julho. Vinte e cinco minutos para os trinta. A sensação é a mesma de todos os anos. Muito tempo e tempo perdido. Tudo se resume a tempo. Algumas rugas, uma certa flacidez na pele, metabolismo lento, em parte pelo sedentarismo incorrigível, olheiras denunciando noites perdidas no trabalho e dores no corpo a qualquer esforço físico. Sempre achei que a minha mãe exagerava um tantinho. Confesso com certo remorso pensar até ser fingimento. Dói mesmo. Corpo e alma. Ela um pouco mais. Três décadas não foram suficientes para colocar a vida nos trilhos. Ainda sou tudo o que não gostaria e não me orgulho disso, como também não me orgulho em sempre adotar esse tom dramático e depressivo. Inevitável, é quase o retrato das vinte e quatro horas do meu dia, excluindo os momentos onde durmo. Amanhã muitos irão me parabenizar, desejarão todos os clichês de aniversário, genuinamente ou por educação. Serei gentil e retribuirei com um sorriso falsamente sincero. A verdade é que deveriam me felicitar pela incrível habilidade em viver a vida que me impuseram, nunca a que sempre quis. Sabe-se lá quanto mais isso dura. Gostaria que chegasse ao fim. Descansar em paz é meu sonho, ou simplesmente descansar sem conhecê-la. Vivi até agora em tormenta. Acho que não sofreria se partisse sem nunca sermos apresentados.