Morte

Não há afeto. Não há confiança. Não há amor. Não há nada. É simplesmente aterrorizante perceber que se está só. Você, diante do vazio, diante de nada mais que você mesmo. O que te torna vivo? O que te faz viver? O que te dá a luz quando vê a poça emergente de escuridão te tragar para o inferno?

Mergulhado em um rio de problemas onde não se sabe nadar, não existe esperança quando se percebe que não terá alguém pra te salvar. Quando, por fim, se entende que as pessoas que lhe assistem não vão lhe salvar, e sim que foram elas que lhe jogaram, não há nada. Não há rancor, não há ódio, nem esperança, ou mesmo vida.

A luz invade a alma mesmo quando o corpo já está descansando no fundo das águas agora negras pela ausência de luz na noite fria e escura. O que te traz a paz quando todos lhe implicam a guerra? O que te traz a luz, quando foi jogado à escuridão?

Você está sozinho. Não há ninguém pra te ajudar, ninguém vai lutar por você, ninguém vai te salvar. Mas, você sempre soube disso, certo? É isso o que te traz a luz, não é? A ausência de tudo, inclusive de limites. Não há limites para a sua solidão, e isso é incrível. Você está só, e nunca esteve tão feliz. A paz de estar nu de sentimentos é rejuvenescedora. Até lhe traria a vida se esta já não tivesse lhe sido tomada. Quem diria que a morte lhe traria a vida? Quem diria que a distância de tudo o que mais prezara em vida lhe traria a plenitude?

A morte é um alívio.

Carlos Knoll
Enviado por Carlos Knoll em 23/07/2016
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